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Saúde

O ser humano interpretou mal a frase bíblica “Crescei e multiplicai-vos” e, obviamente, ligou a frase estritamente a reprodução. Nessa caminhada, na hora de nascer, os humanos frequentemente precisam de ajuda. Por isso, a sociedade viu surgir a figura da parteira que, antes da rede de atendimento hospitalar de hoje, era a salvação de gerações de bebês que vieram ao mundo até os anos 70, quando essa prática foi se reduzindo.

Quem vivencia as facilidades da rede hospitalar existente nos dias de hoje, não imagina o grau de dificuldade que as mulheres enfrentavam para dar à luz um bebê, quando precisavam de ajuda. Por isso, a figura da parteira sempre esteve presente na história de uma maioria esmagadora nascida longe da pequena rede hospitalar que existia no passado. A maioria tinha conhecimento empírico, mas existiam aquelas bem treinadas, enfermeiras que se especializavam nessa prática. Buerarema, apesar de muito próxima de Itabuna, foi um desses municípios que se valeu da figura da parteira para aumentar sua população

E, na História de Buerarema (Vila Macuco), uma das mais famosas e conhecidas é dona Edite (vide vídeo), cuja atividade de parteira ela desenvolveu desde a juventude. Sob a orientação de um médico de Itabuna, dona Edite aprendeu a expertise de ajudar ao nascimento de crianças e, com isso, ela percorria todo o município de Buerarema. Ela conta que era um trabalho exaustivo, apesar de gratificante, porque, muitas vezes, sob intensa chuva, adentrava os rincões do município atravessando estradas precárias no lombo de burro a fim de ajudar as mulheres em seu trabalho de parto. E, quando terminava um atendimento, muitas vezes tinha que correr imediatamente para outra localidade sem qualquer oportunidade de descanso.

A entrevista com dona Edite homenageia a todas as mulheres que dependeram dos serviços dela e outras para trazer seus filhos ao mundo. Homenageia também a todas as mulheres que sobreviveram ou morreram porque não tiveram qualquer assistência. No dia da entrevista, dona Edite trouxe todos os instrumentos de trabalho. Relíquias de um tempo que justificam o depoimento de dona Edite para Histórias de Vila Macuco, um registro pessoal e precioso do tempo em que tudo era medido apenas pelo tempo da chuva e do estio.

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Gideon Rosa

Ator, jornalista, bacacharel em Comunicação pela Universidade Federal da Bahia (1982) e Mestre em Artes Cênicas pela Escola de Teatro da UFBA (2006), Diretor Artístico voluntário e cofundador da Casa de Cultura Jonas e Pilar desde 2012.

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